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Severa – O Fado e a sua Primeira Fadista

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Maria Severa Onofriana, assim se chama aquela que é miticamente apelidada de “a primeira Fadista da história”. Para o Fado, uma figura marcante que dos bairros da velha Lisboa viria a ser inspiração para muitos.

 

Severa, de quem não existe nenhum registo de voz, considera-se que foi a primeira pessoa a cantar fado nas ruas, usando a sua música para representar o povo e os seus dilemas. Foi uma das pioneiras na popularização do fado, contribuindo para que esta forma de expressão musical viesse a ser reconhecida como Património Imaterial da Humanidade.

 

O Fado da Severa

Severa nasceu em 1820, no bairro da Madragoa. Desde cedo, era uma figura conhecida nos bairros mais populares de Lisboa, onde animava as noites com sua presença. De facto, o seu talento para cantar e tocar guitarra encantavam vários pretendentes. De entre estes, o Conde de Vimioso destaca-se como um grande romance da fadista. Assim, o Conde proporcionou a Maria Severa grande celebridade, permitindo-lhe conquistar um prestígio significativo. Graças a isso, mais oportunidades surgiram para se apresentasse diante de um público composto por jovens da elite social e intelectual de Portugal.

Apesar de ter vivido apenas 26 anos, alcançou grande notoriedade. No entanto, há poucas informações confirmadas sobre a sua vida, o que a cerca de mistério, mas aqueles que a conheceram deixaram os seus relatos. Um deles, Júlio de Sousa e Costa, descrevia-a:

“A pobre rapariga foi uma fadista interessantíssima como nunca a Mouraria tornará a ter!… Não será fácil aparecer outra Severa altiva e impetuosa, tão generosa como pronta a partir a cara a qualquer que lhe fizesse uma tratantada! Valente, cheia de afectos para os que estimava, assim como era rude para com os inimigos. Não era mulher vulgar, pode ter a certeza”.

 

A Severa

O escritor Júlio Dantas imortalizou a história de Maria Severa, e a sua obra foi adaptada para o cinema em 1931, resultando no primeiro filme sonoro português. Em 1990, essa mesma obra de Dantas foi adaptada para o teatro, com Lena Coelho, ex-vocalista do grupo Doce, interpretando o papel de Severa. Além disso, a fadista Amália Rodrigues também representou Severa em 1955, num musical encenado pela companhia de Vasco Morgado.

Curiosamente, na Mouraria, na Rua do Capelão, há um local chamado Largo da Severa, onde a fadista morava. Uma placa onde se lê “Casa da Severa” marca a sua antiga casa, e em calçada portuguesa, uma guitarra portuguesa encontra-se no chão em sua homenagem.

Por outro lado, A Severa, inaugurada em 1955 pelo casal Júlio e Maria José de Barros Evangelista, é a Casa de Fados mais antiga de Lisboa ainda gerida pela mesma família, já na quarta geração. Deste modo, esta casa desempenha um papel ativo na história do fado e na promoção da cultura tradicional portuguesa, tendo sido um ponto de partida para alguns dos maiores nomes do fado.

 

A curta vida da primeira Fadista

Maria Severa Onofriana nasceu no dia 26 de julho de 1820. Severa veio ao mundo na Rua da Madragoa (atual Rua Vicente Borga nº33), onde a sua mãe possuía uma taberna. Era filha de Severo Manuel de Sousa, natural da freguesia de S. Nicolau em Santarém, e de Ana Gertrudes, nascida em Portalegre. Os pais de Maria Severa casaram-se em abril de 1815, na Paróquia de Santa Cruz da Prideira, em Santarém.

O pai de Maria Severa era de etnia cigana, originário de Santarém, enquanto a mãe, conhecida como “A Barbuda”, era de Ponte de Sor e havia migrado para Lisboa como muitos pescadores da região. A ascendência cigana do seu pai é frequentemente citada como fonte da sua beleza exótica e do seu canto expressivo, características que encantaram os boémios da capital. Ana Gertrudes, uma figura notória na Mouraria, era uma célebre prostituta. Seguindo os passos da mãe, Maria Severa também entrou nessa profissão desde cedo, destacando-se não apenas pela sua beleza, mas também pelo seu talento excepcional como fadista.

Por fim, Maria Severa morreu jovem, aos 26 anos. Assim, o registro de óbito indica ter falecido no dia 30 de novembro de 1846, na Rua do Capelão, de apoplexia e sem receber os sacramentos.

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